quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CARLOS GAVITO - O MAGO DOS SILÊNCIOS - por Nida Chalegre



Já não o temos mais entre nós. Se foi em 2005. O cigarro, sempre entre seus dedos, o levou muito cedo. Resta-nos recordá-lo e tentar internalizar seu legado que foi muito significativo para os que bailam tango. Para tentar entender Gavito há que saber que em 1942 ele nasceu destinado para o tango. Aos 7 anos começou a estudar bandeneón. Aos 10 começava sua trajetória de bailarino. Passou pelo rock`n roll, o flamenco, de tudo. Aquele que um dia inventaria "a pausa", em contraste, movia os pés com uma velocidade impressionante.

Com Forever Tango, viajou por todo o mundo e seu baile foi -se aprimorando, baseando-se na simplicidade assim com também em uma dinâmica comprimida que deixa ver a intenção do passo mais que a sua execução. E foi também criando seu estilo com passos e figuras como a "apilada", que lhe gostava muito e que chamava de "carpa".
Gavito também jogou no lixo aquele mito convertido em
frase feita de velhos milongueiros que pontificam regras como a que “o tango deve ser dançado somente caminhado, sem passos ou figuras” (talvez porque não saibam fazer nenhuma figura e por isso se refugiam com essa frase feita). Gavito, caminhava o tango como ninguém mas não deixava de fazer mil e uma figuras e passos. Seus enrosques, varridas, sacadas, paradas, giros, apiladas, voleios, colgadas e volcadas, mostram um artista que bailava, não só os silêncios, mas que acompanhava com movimentos rápidos ou lentos, mas sempre sensuais o que a orquestra lhe pedia. Podia bailar Darienzo a 100 Km por hora ou ficar parado no ar com esse gesto felino que o caracterizava quando soava Pugliese. 

Para dançar bem o tango há que dançá-lo com a alma posta. E o amor pelo tango, em Gavito, era tanto, que se emocionava às lágrimas com o som do bandoneón e já adulto, escutava as letras do tango com tal intensidade que se detinha para saboreá-las enquanto bailava. Essa é a sensação que sentimos ao vê-lo bailar e que o distingue de tantos outros - ele interpretava e transmitia a emoção que sentia. Professor, deu classes em muitos lugares tentando passar uma nova linguagem e percepção do tango. Podemos, inclusive, encontrar na internet classes gravadas com seus ensinamentos técnicos que nada valem se o aluno não lhes colocar a alma.


Mas para mim, a cumplicidade dos corpos e dos movimentos está marcada no quadro em que Marcela e Gavito se encontram em instantes de intimidade artística, imóveis entre as notas de "A Evaristo Carriego", que se vão apagando, igual como sua respiração e mirada levemente opaca. Para mim, Marcela Duran foi sua parceira mais completa.

CURIOSIDADES: Contam que uma vez em Tokio, quando em frente de uma infinidade de casais descrevia suas emoções ao escutar e bailar um tango de Pugliese ou de Tanturi, as palavras lhe saiam do coração, com tal força, que todos, homens e mulheres, se comoveram. E Gavito saiu da sala silenciosamente. Os japoneses, enxugaram as lágrimas, puseram um tango e voltaram a bailar.
Em Milán, em uma noite de abril de 2004, em um Café, Gavito desenhou um passo, assim, simplesmente para mostrar e houve uma mulher a quem se lhe encheram os olhos de lágrimas. 

Pergunto, e você, que baila tango, alguma vez fez alguém chorar com o teu baile? quando realmente conseguires essa façanha, terás a certeza de estar no caminho certo.

Gavito nos comunicava suas emoções desenhando poesia no piso, com o coração e os pés.  Partiu em 1º de julho de 2005. Nos deixou imersos no seu  silêncio.

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.

sábado, 25 de janeiro de 2014

A MORTE DE UM BAR NOTÁVEL - O 36 BILLARES - por Nida Chalegre


O "bar notável"- "36 Billares"-  fica no número 1265 na tradicional Av. de Mayo. Melhor dizer, ficava. Pois foi comprado no final do ano passado por uma cadeia de pizzarias e encontra-se fechado,
provavelmente esperando uma reforma que o transforme em mais uma casa de comida rápida, massificada, com uma iluminação fluorescente, branca, uniforme, que doerá nos olhos e na alma.


Suas cadeiras "Thonet " provavelmente serão substituídas por algum plástico, seu piso original com tozetos negros será coberto por algum porcelanato, seus lustres, por iluminação embutida, e por aí vai a "modernização" e o assassinato da memória da cidade. 
O "36 Billares" foi inaugurado em 1894, quando recém se havia terminado a abertura da Av. de Mayo.
Ocupava o térreo  e o subsolo de um edifício em estilo academicista francês que hoje é o Hotel Mabella. Tinha esse nome por manter, justamente, 36 mesas de bilhar no seu subsolo em um ambiente tipicamente masculino. No piso térreo funcionava o bar e restaurante. Naquela época o portenho tinha 4 paixões: o tango, o futebol, o bilhar e as corridas de cavalo.  
Desnecessário dizer que por suas mesas passaram personalidades notáveis como o espanhol Federico Garcia Lorca que se hospedava no Hotel Castelar, próximo, também na Av. de Mayo. Também o turista e o  cidadão comum. O lugar atualmente oferecia todas as noites shows de música e espetáculos de tango. Seu incrível fechamento representa menos uma opção de espaço para se curtir a arte acompanhada de um café, um vinho ou uma culinária refinada, dentro do mais puro espírito portenho.


Será mantido apenas o subsolo com hoje, 9 mesas de bilhar e acima, no piso térreo, a população poderá então, modernamente, se empanturrar de pizzas. 

Infelizmente, uma questão de opção econômica.



Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo  chalegre.nida@gmail.com  que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A ARQUITETURA ECLÉTICA DE UMA CIDADE CHEIA DE SURPRESAS - por Nida Chalegre



Teatro Colón
Para quem tem o olhar atento, arquitetônicamente, a cidade de Buenos Aires é cheia de surpresas.  Você depara com prédios tradicionais como o Teatro Colón, o Palácio das Águas Correntes, a Igreja do Pilar, a Catedral Metropolitana, a Casa Rosada e o Congresso Nacional. Modernistas, como o Yacht Club Argentino,
ecléticos como o Palácio Barolo –primeiro arranha-céu, inspirado na Divina Comedia- e, na Costaneira Sul, a antiga cervejaria Munich, hoje Direção de Museus da Cidade e sede do Museu do Humor.
Cervejaria Munich na Costaneira Sul,
 na zona de Puerto Madero
Com influência francesa, como o Círculo Militar, as Chancelarias e os hotéis da Avenida Alvear. 

A arquitetura contemporânea tem excelentes representantes em obras como o magnífico Teatro San Martín da Avenida Corrientes,
Hall do teatro San Martin
Teatro San Martin
ou o edifício Los Eucaliptos e o Somisa no bairro de Belgrano. Também existem construções que tornaram o concreto armado em verdadeiras obras de arte, como as experiências do arquiteto Clorindo Testa do ex Banco de Londres, a Biblioteca Nacional e o Museu Xul Solar. Além disso, existem esplêndidas torres de apartamentos: o Edifício República da Praça Roma, o edifício Conurban e a Torre YPF em Puerto Madero.... ufa! e tem muito mais !!!


E o racionalismo do Art Déco? estilo que provavelmente seja o que sintetize melhor a personalidade da arquitetura da cidade de Buenos Aires. Há muitos exemplos desta corrente, que vão do prédio de escritórios Comega até o Safico, passando pelo Teatro Gran Rex. É claro que, se falarmos de racionalismo, o prédio paradigmático é o maravilhoso Kavanagh,
Kavanagh
um dos primeiros arranha-céus de concreto do mundo, cheio de detalhes belíssimos, cujos apartamentos foram considerados os mais exclusivos da cidade em 1935. É quase impossível pensar como seria a imagem da Praça San Martín sem ele. Ou a Recoleta, sem os seus prédios de esquinas curvadas, sem os seus terraços abertos, sem os austeros mármores requintadamente dos portais.
Definitivamente, a arquitetura é um dos aspectos que tornam Buenos Aires uma cidade singular. 
Mas vem os novos tempos com suas novas tecnologias que exigem outros espaços e também o design que serve de
em Buenos Aires
em Madrid
 linguagem aos novos tempos e costumes. Mas o velho não é abandonado. São os novos prédios que surgem incorporando, por exemplo, a fachada do antigo que ocupou aquele mesmo espaço anteriormente, mantendo viva a memória e sua história, em sinal de respeito e homenagem. Tendência que se observa em todo o mundo.


Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode enviar um e-mail pelo  chalegre.nida@gmail.com  que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A ÚNICA ORQUESTRA ESCOLA PARA TANGO - SÓ EM BUENOS AIRES - por Nida Chalegre


A época dourada do tango ocorreu na década de 40. Então, restam poucos grandes músicos, ainda vivos, que viveram e se aperfeiçoaram naquela época. Estão hoje na faixa dos 80 a 100 anos, alguns extremamente lúcidos e ainda tocando. Me angustia o fato desses grandes maestros se irem sem deixar seus segredos e ensinamentos para as futuras gerações. 
Mas um grande e energético maestro, um dos maiores autores e arregladores da história do tango, o badoneonista e violinista Emílio Balcarce, 
também preocupado com esse legado criou em 2000, aos 82 anos, a OSQUESTA ESCUELA DE TANGO EMILIO BALCARCE
Emilio Balcarce aos 90 anos
O objetivo da escola é formar jovens músicos na prática instrumental com uma dinâmica que intenta recuperar a experiência orquestral justamente dos anos dourados das orquestras típicas. O programa de estudos permite que os estudantes possam formar-se e interiorizar-se com os mais importantes estilos orquestrais da história musical de Buenos Aires como Troilo, Pugliese, Salgán, Piazzolla, Di Sarli, Federico, D´Arienzo, Fresedo, Gobbi, De Caro, entre outros. Cada estilo é abordado desde os arranjos originais e está acompanhado de gravações originais.
São 2 anos de estudos e concorrem a essa oportunidade músicos jovens, mas com alguma experiência, tanto da argentina como de outros países do mundo.
A orquestra foi dirigida por Emílio Balcarce até sua morte em 2011.

Todos os anos a orquestra faz um recital e convida grandes nomes para homenagear. 
Nessa, que presenciei, estava o grande bandoneonista LEOPOLDO FEDERICO.
Para os músicos que desejam fazer parte desse aperfeiçoamento único no mundo transcrevo abaixo as Condiciones de selección de postulantes:
La selección de aspirantes está a cargo de un jurado integrado por el Director de la Orquesta Escuela , los solistas ayudantes, el coordinador del programa y un destacado maestro invitado.
La decisión del jurado es inapelable.
La selección se realiza por audición bajo el siguiente esquema de exigencias:
  • Ejecución de una pieza a elección con la que el aspirante demuestre sus habilidades técnicas e interpretativas.
  • Ejecución de obras impuestas: Danzarín (de Plaza) para viola y violoncello y La Bordona (de Balcarce) para contrabajo, piano, bandoneón y violín; ambas con arreglos con la Orquesta Escuela de Tango. Las partes para cada instrumento se entregan en el momento de la inscripción.
  • Lectura a primera vista.
Además del nivel técnico, se evalúa las expectativas, interés y disponibilidad para el trabajo en la Orquesta.

e...Boa sorte !!!

CURIOSIDADE - acreditam que uma iniciativa como essa esteve a ponto de ser fechada o ano passado? Pois é, o 
governo, que a subsidia, colocou a escola em uma lista para fechamento por "corte de verbas". Mas a população se mexeu e conseguiu reverter a situação o que foi comemorado com um concerto na Usina de Arte aonde participaram alunos provenientes de países como Holanda, Australia, Japão e Estados Unidos.
Gracias EMÍLIO BALCARCE - por ter tido a iniciativa de manter vivo o legado dos mestres. 

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.


domingo, 12 de janeiro de 2014

DISFRUTÁ VERANO EN LA CIUDAD - por Nida Chalegre

Chega o verão em Buenos Aires e o governo da cidade - Maurício Macri - promove uma verdadeira romaria cultural para os habitantes e turistas que não vão curtir as praias. Para os que ficam na cidade lhes são oferecidas inúmeras programações - de graça !!!

É uma festa para adultos e crianças. Os espaços verdes se inundam de cultura com concertos e até peças de teatro ao ar livre. Propostas de música, circo, teatro, dança, cinema e muito mais. Estão todos convidados para somar-se, emocionar-se, celebrar, cantar, bailar e sentir a alegria da cidade.
Ontem foi um sábado especial na USINA DE ARTE, um espaço restaurado para arte. A USINA foi um
antigo prédio de produção de energia elétrica. 

Desativado, foi restaurado e contém inúmeras salas de concerto e espaço para arte com toda a mais nova tecnologia disponível. 

Nesse espaço ocorreu a abertura das comemorações do Centenário de ANÍBAL TROILO (grande maestro e compositor de tango - www.troilo.com.ar ).
Vi, em uma sala de Câmera da USINA um espetáculo aonde maestros do bandonéon, ainda vivos, que tocaram na orquestra de TROILO, tocarem individualmente, no antigo bandonéon do homenageado, e depois, todos juntos. 



Todos com mais de 80 anos. O mais velho com 97. Incrível, apesar da visível debilidade física natural da idade avançada, a lucidez e a capacidade desses maestros de colocarem técnica, arte e principalmente o coração para arrancar as mais lindas interpretações desse instrumento que é a alma do tango. Desnecessário dizer que me emocionei à lágrimas. 
Um espetáculo que dificilmente se poderá ver novamente pois será muito difícil, pela idade avançada, reunir mais uma vez, essas grandes testemunhas da história tangueira.
Depois, na própria USINA havia grandes nomes do tango ministrando aulas e uma milonga para se dançar até cansar. No intervalo, mais uma apresentação de um conjunto formado por alguns músicos de instrumentos de sopro da  orquestra do Teatro Cólon - Los bronces de Plata. 
Oportunidades imperdíveis de uma cidade que respira cultura por todos os lados.

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

JÁ É TEMPORADA DE CRUZEIROS EM BUENOS AIRES - por Nida Chalegre

Depois de um descanso de final de ano volto ao nosso convívio para registrar a minha visão sobre a cidade e mostrar para vocês as peculiaridades que transformaram Buenos Aires em uma das cidades mais interessantes do mundo.
Mas já é verão por aqui, e dos mais quentes de que se tem notícia. Dezembro de 2013 teve a maior onda de calor que se tem registro na história. É nesse período que passam pelo porto de Buenos Aires os Cruzeiros que vêm da Europa para temporada de verão na América do Sul. A maioria faz viagens de 3, 7 , 9 e até 15 dias, em geral para a costa do Brasil. 

Foi em um desses que embarquei para ver os fogos de entrada de ano em Copacabana no Rio de Janeiro. 
O barco se afasta da praia e fica fundiado para que os passageiros possam assistir ao espetáculo pirotécnico que dura 20 min. Torna-se mais emocionante ainda quando o navio faz soar a sua sirena com seu som grave e penetrante.

Claro que aproveitamos para bailar muito tango !!!

É uma grande vantagem a cidade ter um porto com calado e estrutura para receber esses Cruzeiros. Para quem vive aqui é muito prático embarcar, viajar e desembarcar no mesmo porto, pois, ao contrário das viagens de avião, não há limite de peso e quantidade de bagagem. Você pode viajar tranquilo e levar toda a roupa e sapatos que quiser para luzir nas noites de festas do navio. Para a cidade e para o País, são milhares de turistas que chegam e movimentam a economia. 

Mas tem um turista muito especial que tenho observado nas milongas. São europeus que tomam os Cruzeiros na Europa (em geral na Itália) quando eles vêm para a temporada de verão. São 20 dias de viagem, em geral com boas promoções. Alugam um apartamento por temporada e ficam aqui por todo o verão, com visto de turista, que dá para 3 meses e voltam com o navio para a Europa lá por abril, quando eles terminam a temporada por aqui e vão fazer o verão no Continente Europeu. Serão mais 20 dias de viagem de volta, também com belas promoções de até 2x1(viajam 2 pelo preço de 1).
Sabem o que fazem esse tempo todo por aqui? tomam classes de tango e frequentam as milongas para treinar. Com toda a disciplina e vontade que tem de aprender é lógico que retornam aos seus países muito afinados no baile e planejando voltar no outro ano. Esse tango realmente vicia!!!

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo  chalegre.nida@gmail.com  que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.