O TANGO é a expressão máxima da cultura Argentina e Buenos Aires, a sua sede capital. É necessário experimentar a sua magia, sentí-lo na sua alma.
Digo que para dançar bem um tango existem 3 etapas:
- deixar a música e sua cadência marcada entrar pelos seus ouvidos;
- canalizá-lo em sua alma;
- e só depois deixá-lo sair por seus pés desenhando sua poesia pelo chão.
Esse texto, inspirado no livro "El bazar de los abrazos" de Sonia Abadi, mostra, com detalhes, como se baila um tango em uma milonga em Buenos Aires:
O baile começa com uma mirada, continua com o abraço e se consolida na dança em uma comunicação cúmplice com discreta sedução.
E é o abraço que pactua, sem palavras, a qualidade da entrega, pois ele determina a proximidade, a postura, o modo de contato das cabeças, a pressão do braço dele em volta das costas dela, o peso do braço dela em volta do pescoço dele, envolvente, acariciante, ou com a mão sobre o ombro, roçando-o apenas.
É na saída em que o homem define o tamanho dos passos e a energia que lhes vai impor.
Ela responde com uma energia contida. Cada um escuta o corpo do outro, advinha seus pés, registra sua emoção, às vezes sua ansiedade, outras sua surpresa. Compartilham suas vivências em um diálogo secreto e mudo de perguntas e respostas. São seus corpos que falam. Às vezes algumas mulheres se adiantam e respondem com seus pés antes que ele termine de perguntar, ou deixam a pergunta sem resposta. Outros se expressam com dificuldade ou indecisão.
Não se olham nem se falam. Se necessitam falar é porque a linguagem dos corpos está falhando.
Ela nunca toma a iniciativa, só intercala algum capricho para criar suspense indicando que está ali presente e que ele não baila sozinho.
No tango, como na vida, cabe a mulher frear o homem, nunca apurá-lo. Essa é a arte dela
O homem avança, a mulher o segue, mas o resiste sutilmente........
Milongueiro experimentado, nem sequer necessita marcar. Toma a mulher firmemente entre seus braços e a pousa em seu peito. E a leva posta, "dormida" e a guia no compasso de sua própria respiração. Nesse momento são um só corpo e alma, mas bailam cada um consigo mesmo, com seu sentimento, seu corpo, seu ouvido que transforma a música em movimento.
Bailam com outros casais em círculo, no sentido oposto dos ponteiros do relógio. Bailam com o piso que trás as vibrações dos outros bailarinos.
Bailam também com a mirada externa do público que os ampara e aprova.
Mistério de corpos em harmonia, magia da música que os leva ao êxtase, bailam
“sintiendo en la cara la sangre que sube a cada compás”, “mezclando el aliento”, “cerrando los ojos para oír mejor” , como diz a letra do famoso tango que dá título a essa postagem.
E ao se apagar a última nota, não se afastam de imediato, mantendo a magia e fazendo durar o abraço por alguns instantes mais.
Quando a experiencia é fora do comum, as palavras sobram, se olham quase com pudor, ou nem se olham, comovidos e assustados por tanta entrega.
Existem atualmente umas 200 milongas funcionando em Buenos Aires, aonde os "milongueiros" vão praticar. Não é de bom tom entrar em uma milonga se não se sabe bailar. Pode ir para apreciar. Lá não é lugar para aprender, mas sim para praticar.
Para aprender é necessário tomar aulas. Aliás, falam que para começar a dizer que você baila bem tem que ter bailado pelo menos 10.000 tangos...
- deixar a música e sua cadência marcada entrar pelos seus ouvidos;
- canalizá-lo em sua alma;
- e só depois deixá-lo sair por seus pés desenhando sua poesia pelo chão.
Esse texto, inspirado no livro "El bazar de los abrazos" de Sonia Abadi, mostra, com detalhes, como se baila um tango em uma milonga em Buenos Aires:
O baile começa com uma mirada, continua com o abraço e se consolida na dança em uma comunicação cúmplice com discreta sedução.
E é o abraço que pactua, sem palavras, a qualidade da entrega, pois ele determina a proximidade, a postura, o modo de contato das cabeças, a pressão do braço dele em volta das costas dela, o peso do braço dela em volta do pescoço dele, envolvente, acariciante, ou com a mão sobre o ombro, roçando-o apenas.
É na saída em que o homem define o tamanho dos passos e a energia que lhes vai impor.
Ela responde com uma energia contida. Cada um escuta o corpo do outro, advinha seus pés, registra sua emoção, às vezes sua ansiedade, outras sua surpresa. Compartilham suas vivências em um diálogo secreto e mudo de perguntas e respostas. São seus corpos que falam. Às vezes algumas mulheres se adiantam e respondem com seus pés antes que ele termine de perguntar, ou deixam a pergunta sem resposta. Outros se expressam com dificuldade ou indecisão.
Não se olham nem se falam. Se necessitam falar é porque a linguagem dos corpos está falhando.
Ela nunca toma a iniciativa, só intercala algum capricho para criar suspense indicando que está ali presente e que ele não baila sozinho.
No tango, como na vida, cabe a mulher frear o homem, nunca apurá-lo. Essa é a arte dela
O homem avança, a mulher o segue, mas o resiste sutilmente........
Milongueiro experimentado, nem sequer necessita marcar. Toma a mulher firmemente entre seus braços e a pousa em seu peito. E a leva posta, "dormida" e a guia no compasso de sua própria respiração. Nesse momento são um só corpo e alma, mas bailam cada um consigo mesmo, com seu sentimento, seu corpo, seu ouvido que transforma a música em movimento.
Bailam com outros casais em círculo, no sentido oposto dos ponteiros do relógio. Bailam com o piso que trás as vibrações dos outros bailarinos.
Bailam também com a mirada externa do público que os ampara e aprova.
Mistério de corpos em harmonia, magia da música que os leva ao êxtase, bailam
“sintiendo en la cara la sangre que sube a cada compás”, “mezclando el aliento”, “cerrando los ojos para oír mejor” , como diz a letra do famoso tango que dá título a essa postagem.
E ao se apagar a última nota, não se afastam de imediato, mantendo a magia e fazendo durar o abraço por alguns instantes mais.
Quando a experiencia é fora do comum, as palavras sobram, se olham quase com pudor, ou nem se olham, comovidos e assustados por tanta entrega.
Existem atualmente umas 200 milongas funcionando em Buenos Aires, aonde os "milongueiros" vão praticar. Não é de bom tom entrar em uma milonga se não se sabe bailar. Pode ir para apreciar. Lá não é lugar para aprender, mas sim para praticar.
Para aprender é necessário tomar aulas. Aliás, falam que para começar a dizer que você baila bem tem que ter bailado pelo menos 10.000 tangos...
Quem quiser visitar Buenos Aires,
fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um
e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas
relativas ao seu interesse. Por exemplo: aulas de tango/milongas (o
verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte,
gastronomia, vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.