quarta-feira, 30 de julho de 2014

ARTE POR TODA PARTE NO METRÔ DE BUENOS AIRES - por Nida Chalegre

A linha H - a mais moderna
Estações mais antigas
 Para se conhecer Buenos Aires não basta circular nas suas ruas apreciando sua arquitetura “parisiense”, olhar para os céus, admirando as cúpulas de seus prédios, sentar em seus cafés centenários para sorver um café por horas.... há também que conhecer a vida que circula em seus subterrâneos... ou, como se diz por aqui... no seu subte !!!

O metrô de Buenos Aires, inaugurado em 1913, foi o primeiro metrô da América Latina.
Hoje tem 6 linhas em funcionamento, denominadas com letras e identificadas com cores:
A linha “A” com a cor celeste, a “B” com o vermelho, a “C” com o azul, a “D” com o verde, a “E” com a violeta e a "H", que foi inaugurada em 2007 e, logicamente, a mais moderna, com a amarela.
Vagão da linha A até 2013
Os vagões novos e os vagões como eram
As viagens de metrô no início do século
Construído com capital de origem inglês, a linha A é a mais antiga. É também uma atração turística, por haver sido a primeira linha subterrânea da América Latina e porque manteve até o ano passado os trens que se utilizavam no início do século XX. Os antigos vagões da linha A, fabricados na Bélgica, foram substituídos por modelos mais modernos em 2013 e houve o dia festivo da última viagem dos antigos vagões.
As viagens hoje

Mas é no metrô também aonde se vê “arte por toda a parte”. É interessante passar pelas estações e encontrar murais, esculturas, vitrais e pinturas de artistas consagrados e, eventualmente, nas suas instalações, há também eventos de música e teatro. Não teria espaço aqui para falar da beleza de todos os murais de todas as estações, por isso quero falar para vocês dos mais recentes murais inaugurados na linha H.
HOMENAGEM AO TANGO - Na recém  inaugurada ampliação da linha H (colocaram essa letra para a relacionarem com a estação Hospitais), os murais de cada uma das primeiras 5 estações são  dedicados a personalidades que fizeram a história do Tango.
Homenagem a Azucena Maizani - painel de Sábat

Homenagem a Azucena Maizani - painel de Sábat
 Assim, fui visitá-las e me deparei com obras desenhadas por vários artistas. 

 A estação CASEROS foi dedicada a JULIO DE CARO, 

a estação HUMBERTO I foi dedicada a FRANCISCO CANARO,

a estação Venezuela foi dedicada a OSVALDO FRESEDO

e ANÍBAL TROILO foi homenageado na Plaza Miserere. 
A estação INCLÁN, arquitetonicamente, para mim a mais bonita, está dedicada à cantora de tango AZUCENA MAIZANI (1902-1970) com murais realizados por ALFREDO SÁBAT.
Os turistas fotografam. Os portenhos apressados em sua rotina diária dificilmente reparam neles, mas estão ali e, de alguma forma, amenizam a rotina da viagem.

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

MILONGA, VOCÊ SABE O QUE É? - por Nida Chalegre

A maioria dos turistas que vem a Buenos Aires querem ver o TANGO !!! apreciar a música e a dança. Então vão aos shows de tango. Entretanto, nesses shows vão ver um tango dançado
tango "scenário"
para espetáculo, com piruetas e, dissemos aqui, verão o que é mais próximo a uma ginástica artística musicada. Esse tango chamamos de TANGO SCENÁRIO ( tango de palco). Mas existe o tango dançado pelo povo em seus bailes de salão, um tango mais "ao piso", esse é o TANGO SALÃO. São duas categorias bem diversas, tanto que no MUNDIAL DE TANGO há concurso para as duas categorias em separado. Premia-se os melhores dançarinos de "Tango Scenário" e os melhores dançarinos de "Tango Salón".


Tango "Salón"

A palavra MILONGA tem dois significados: pode ser um rítmo que se dança, mais rápido que o tango tradicional e, coincidentemente, é também a denominação dos salões aonde as pessoas vão dançar tango.
Existem atualmente mais de 200 Milongas funcionando na cidade portenha de segunda a segunda e em horários diversos: pela tarde, à noite ou de madrugada sempre se encontra algum lugar para dançar. Quase todas as Milongas têm classes de tango, com professores, antes de se iniciar a Milonga. Mas a Milonga não é um lugar para se aprender a dançar, para isso existem as escolas. Quem se habilita a dançar em uma Milonga já deve ter uma boa noção do baile. Muitos vão também somente olhar para desfrutar de um espetáculo que não está nos roteiros turísticos.

OS CÓDIGOS DAS MILONGAS - As MILONGAS têm suas regras:
- As seleções musicais são chamadas "TANDAS". Cada tanda tem 4 músicas tocadas pela mesma Orquestra (mesmo estilo de dança). Entre as tandas é tocado um fragmento musical "no bailable" que se denomina "cortina". É para dar tempo para o homem levar sua parceira até a mesa dela e voltar para sua mesa para vir a tirar outra para dançar a próxima tanda. Esqueci de dizer que, nas MILONGAS tradicionais os homens sentam de um lado do salão e as mulheres de outro.
O Cabeceio - para sacar uma mulher para bailar o homem usa o "cabeceio" de longe. Se a
mulher concorda, o homem se levanta e vai ao seu encontro. Esse sistema evita que o homem receba uma negativa explícita da mulher e fique constrangido tendo que voltar para sua cadeira. Se a mulher o rejeitar ela simplesmente evita seu olhar e disfarça.
Deves-se evitar falar ao dançar e habitualmente se dança uma tanda (4 tangos) com a mesma pessoa. Entre cada tema há uma pausa para conversar e escutar a música que segue e preparar-se para executá-la. A mulher sempre espera que o homem a abrace primeiro.
A mulher milongueira pode ir sozinha para a milonga e geralmente se senta junto com amigas. Os casais sentam geralmente em uma parte separada se bailam sempre juntos. Há casais que chegam junto e sentam separado e bailam com outros como se fossem solteiros. Sem problemas. Cada um escolhe seu estilo.
Interessante é que um milongueiro não tira uma mulher para bailar se não sabe que ela baila bem. Se não a conhece prefere aguardar para ver se alguém a saca e comprovar seu baile.

Dançando a Chacareira
Na MILONGA se baila tango tradicional, "milongas" e "vals" e o rítmo folclórico que se chama "chacareira".

Mas uma coisa é comum a todos os estilos: A EMOÇÃO. Essa é a diferença do tango em relação a outros rítmos - a emoção da "pareja". Para se bailar o tango tem que se colocar o coração em uma entrega mútua.  

Quem vier a Buenos Aires e quiser conhecer o tango dançado pelo povo argentino não pode deixar de visitar uma MILONGA. 

Deixo aqui o depoimento de uma amiga brasileira que levei em uma MILONGA:
Dia 15/01/2013 – Postado por uma amiga que foi a primeira vez em uma milonga em Buenos Aires
 
Lis D Amore
Hoje fui a uma autêntica Milonga...onde os porteños dançam tango.... Experiência inesquecivel! Eles não dançam com quem nao sabe... tem regras...as mulheres sentam a esquerda da pista e os homens á direita. Primeiro fazem sinal com a cabeça se elas aceitam eles levantam e convidam pra dançar. Dança-se uma Tanda (que é a sequencia de 4 tangos), depois dessa sequencia, obrigatoriamente devem se sentar. Entre um tango e outro costumam trocar algumas poucas palavras, mesmo que a musica tenha começado. As mulheres sempre estão com os olhos fechados...os homens é que conduzem e tomam conta de tudo...kkkkkkk Além disso poucos bebem...nas mesas só agua. Não ha envolvimento pessoal, somente dança. É nitido o respeito. Não fazem floreados nas Milongas, apenas dançam tangos classicos, nada de levantar perna ou malabarismos, é considerado falta de educação.....estou cheia de historias....mas as memorias e a vivência ficarão só pra mim...

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.




quarta-feira, 16 de julho de 2014

O ALEMÃO QUE SE TORNOU ARGENTINO - por Nida Chalegre

Troilo - o bandonéon maior de Buenos Aires

A COPA DO MUNDO de futebol acabou. A Alemanha enfrentou a Argentina na final. A taça foi para a Alemanha, mas a história conta que teve um alemão que preferiu a Argentina - o BANDONEÓN e passou a fazer parte da cultura local como o instrumento que é a "alma" do tango. Com uma sonoridade fascinante, é o principal instrumento de uma orquestra de tango  e seu executante é denominado de "bandoneonista".


SUA HISTÓRIA - O Bandoneón foi inventado na Alemanha pelo músico Carl Friedrich Zimmermann da cidade de Carlsfeld que o apresentou em 1849 na exposição industrial de Paris.
Mas foi Heinrich Band (1821-1860) que, além de ser professor de música era negociante de instrumentos musicais, deu origem ao nome do instrumento. Possuía uma empresa chamada BAND UNION e desta forma, a junção de Band com Union resultou no nome original do instrumento em Alemão:  Bandonion!

O Bandoneón, foi criado para utilização na música religiosa e na música popular alemã, em contraste à concertina, que era considerada um instrumento folclórico. Os imigrantes levaram o bandoneón para a Argentina no início do século XX, onde ele passou a dar à música local, o tango, essa característica de staccato da sua marcação, bem como a sua tão típica doçura.


O instrumento enfrenta um momento delicado. Passa de pai para filho. Atualmente não existem fábricas de badoneones e sendo um instrumento de delicada e difícil afinação, seu custo é alto. Existem alguns que o fabricam artesanalmente e por encomenda. Se calcula que esse instrumento tenha uma vida útil de 200 anos.


UM LUGAR SÓ DE BANDONEONES - fica na esquina de Salta com Chile, no bairro de Monserrat - " La Casa del Bandoneón". Não é uma loja, nem uma fábrica, é a oficina do luthier Oscar Fischer. Ali, além de conhecer como funciona um bandoneón por dentro, ainda dá para visitar um pequeno “museu” com vários modelos antigos que foram recuperados (inclusive um Danielson).
Mas cuidado ao tentar comprar um bandoneón: o Oscar tem uma política muito restrita de não vender para estrangeiros. “Muitos bandoneones foram parar em estantes de europeus, americanos e japoneses e nunca serão tocados, só servem para enfeitar, enquanto isso muitos jovens músicos argentinos não conseguem comprar um por causa dessa valorização artificial.” E a coisa é séria. Um bandoneón reformado custa entre 2 mil e 5 mil dólares! Por outro lado, nem uruguaios, nem brasileiros são considerados “estrangeiros” aqui (ou seja, vale dar uma “chorada”).
O certo é que o tango não existe sem ele. 


Há quem venha a Buenos Aires pela comida, pela arquitetura, pelo ar europeu, pela literatura, pelas compras, pelo idioma, pelo baile de tango. E há os que viajam pela música também.  Mas há quem venha a Buenos Aires por tudo que foi citado, inclusive os bandoneones, e acabe se apaixonando e ficando por aqui....
com a honra de posar com o antigo bandonéon do grande maestro  Anibal Troilo 

Para quem quiser conferir, tem um filme chamado "O Último
Bandoneon". O filme conta a trajetória de uma Bandoneonista chamada Marina Gayoto, uma jovem que ganha a vida tocando nos bares de Buenos Aires.



Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia. 

domingo, 6 de julho de 2014

QUEM PODE RESISTIR AO LOCRO ??? - por Nida Chalegre

Quem visita Buenos Aires não pode deixar de experimentar suas delícias gastronômicas. As carnes e seus assados, as empanadas, os alfajores, o choripan (já falei dele aqui no blog) o doce de leite e..........o LOCRO. Tudo regado a um bom vinho (bons e baratos). Lembrei do LOCRO porque essa semana, no dia 9 de Julio, se comemora o dia da Independência da Argentina. É a data nacional máxima, como o 7 de setembro no Brasil. Já se está em pleno inverno por aqui e a tradição é, nesse dia, se festejar a data comendo LOCRO

Ai, que delícia. Um prato quentinho, gorduroso, excelente para passar o frio. 


Bem,  o LOCRO que é um ensopado à base de abóbora, feijão e milho, muito saboroso, parecido com uma feijoada. Muito forte, há que se fazer uma preparação antes para prevenir problemas digestivos.... tomar uns sais de fruta, senão...... vão aí os ingredientes para quem quiser se arriscar............. 

INGREDIENTES: 1 xícara(s) (chá) de feijão branco 2 xícara(s) (chá) de milho branco 1 unidade(s) de pé suíno salgado 100 gr de bacon 750 gr de alcatra 3 unidade(s) de paio 100 gr de alho-poró 1 unidade(s) de abóbora moranga 250 gr de repolho 3 unidade(s) de cebola 3 unidade(s) de batata-doce 2 colher(es) (sopa) de banha quanto baste de sal 2 colher(es) (sopa) de pimentão vermelho em pó 2 colher(es) (sopa) de pimentão doce em pó.

De presente vou deixar aqui o segredo do seu MODO DE PREPARO:
Deixe o milho-branco e o feijão-branco de molho na véspera. Cozinhe o milho em água e sal até ficar macio. Escorra e reserve. Em uma panela, aqueça um pouco de azeite e doure separadamente as carnes (reservando-as em uma vasilha à parte). Comece pelo bacon (que solta gordura). Depois doure a costela, a fraldinha e, por último, a lingüiça. Conforme for fritando cada carne, regue com um pouco de vinho tinto e raspe o fundo da panela, para soltar as crostas que se formam e enriquecer o sabor do cozido. Na gordura que sobrou na panela, doure a cebola, o alho, o alho-poró e o salsão. Acrescente o caldo de carne (reserve um pouco para repor ao longo do cozimento) e o feijão-branco. Cozinhe por 20 minutos. Adicione as carnes e cozinhe por cerca de 40 minutos. Misture o repolho, as batatas e o milho-branco pré-cozido. Leve ao fogo por mais 20 minutos. Acrescente a abóbora e os pimentões e deixe cozinhar até amaciarem. Na hora de servir, distribua o cozido em pratos fundos e espalhe um fio de azeite por cima.

Os bons gourmets argentinos aconselham acompanhar o prato com vinho branco Chardonnay que dizem ter a propriedade de ajudar na sua digestão.

Mas não é só no dia 9 de Julio que tradicionalmente se come o LOCRO, ele também é
consumido em 25 de maio, dia em que Argentina comemora a formação do primeiro governo pátrio. É, portanto, um prato muito nacional.


Mal posso esperar para comer LOCRO nesse 9 de Julio. 
Eu amo LOCRO.

Quem quiser visitar Buenos Aires, fugindo do tradicional roteiro destinado aos “turistas” pode me enviar um e-mail pelo chalegre.nida@gmail.com que encaminho dicas relativas ao seu interesse.  Por exemplo: aulas de tango/milongas (o verdadeiro tango dançado pelos locais, diferente dos shows de turistas), arte, gastronomia,  vinhos e inclusive, flats lindos e baratos para estadia.